segunda-feira, 12 de novembro de 2007

B COM A FAZ BA


PHILÓSOPHO

Na manhã seguinte ao desabamento no túnel Rebouças, os jornais O Globo, JB e Estado de São Paulo noticiaram sete toneladas de terra vindo abaixo e a Folha de São Paulo publicou na capa três. A diferença, de quatro toneladas, nos faz crer que uma soma deve estar próxima da realidade e a outra um é erro grotesco.

“O jornal é um documento firmado, disponível para pesquisa a qualquer momento, por isso é tão importante, mais do que TV ou rádio, já que palavras vão ao vento”, segundo o historiador Milton Teixeira, e isso dá ao jornalista um statu quo de intelectual, que tudo sabe e sobre tudo conversa.

Por não existir o curso de jornalismo, os jornalistas eram economistas, advogados, filósofos ou só alfabetizados. Firmava-se no metier pelo talento em apurar e escrever. Quando se criou o curso de jornalismo, o mercado foi abastecido com jornalistas “fabricados”, que estão despreparados, ainda de acordo com o historiador.

Aliado a Internet, que multiplicou a velocidade da notícia escrita, isso fez com que a necessidade de se produzir uma matéria rapidamente diminuísse a qualidade do que é escrito: “O que mudou foi o meio”, afirma Rodrigo Lariu, 34, que já colaborou para os jornais O Globo e Folha de São Paulo, “Antes o cara tinha que ter reconhecimento, o entrevistado tinha que saber com quem ia falar, para não ser mal compreendido. Hoje o cara lê meia dúzia de sites, manda um e-mail pra um entrevistado e acha que tá tudo certo”. Milton Teixeira tem a mesma opinião “Meu maior medo em uma entrevista é a burrice do entrevistador”.

A pesquisadora Micheline Christophe, 53, especialista em jornalismo, vê o oposto “O jornal usa a linguagem de seu tempo e hoje rebusco é bobagem, não pode se ater a isso” e completa afirmando que as ferramentas de revisão e de pesquisa fazem com que o texto fique mais fino e cuidadoso.

Não se deve atribuir a culpa somente ao jornalista. Como frisou Micheline Christophe, ele é reflexo de seu tempo e a estudante de jornalismo Raquel Catauli, 25, concorda “acho que o problema é de cada um, que se esforça, se dedica ou não. Quem é bom se destaca”.

Isso justifica o Meia-Hora fazer uma coluna chamada “palavras difíceis” para elucidar seus leitores. Nessa coluna você pode aprender o significado de “metier”, “rebusco” e “elucidar”.

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